sábado, 10 de julho de 2021

EDUCAÇÃO DO CAMPO: concepção de ensino no seio dos Movimentos Sociais

 

 

EDUCAÇÃO DO CAMPO: concepção de ensino no seio dos Movimentos Sociais

 

Cintia Araújo Ferreira

Pós-graduanda em Educação do Campo pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano-Campus Serrinha. E-mail: cintiaaraujoferreira81@gmail.com.

 

 

Palavras-chave: Educação no espaço rural; Movimentos Sociais do Campo; Projeto educativo.

 

INTRODUÇÃO

 

No Brasil a luta dos povos do Campo por melhoria e até por resistência, resultou em diversas ações positivas e reconhecimento de novas alternativas voltada para agricultura familiar.

Nesse sentido, os agricultores e trabalhadores do campo ao sofrer repressão com o modelo de modernização da agricultura implantada no Brasil, buscou novas possibilidades. A mobilização desses trabalhadores em busca por melhores condições de vida e de trabalho no campo consolidou em fortes movimentos sociais e sindicais do campo, essas lideranças unidas conseguiram realizar Encontros e Fórum de discussões sobre iniciativas de políticas voltada para Projeto Alternativos para o campo.

Segundo Caldart (2000), as ações do Movimento Sem Terra foram:

ü  Organizaram-se para lutar direitos inicialmente por reforma agrária;

ü  Pressionados pelas famílias e pelas professoras, o movimento se organizou e lutou pela educação buscando formar seus professores para uma formação específica;

ü  A escola passou preocupação do movimento depois de refletirem e perceberem que as escolas presentes na sociedade não abririam as portas para os sem terras, pois a concepção de ensino não incluía quem era do campo, por que as escolas tradicionais não possuíam estruturas que ingressassem as crianças do campo;

ü  As escolas teriam que se adaptar aos alunos e não o contrário;

 O movimento ensina seu povo e o princípio desse ensinamento é o próprio movimento;

OBJETIVOS DA PEDAGOGIA DA LUTA SOCIAL

·         Fortalecer os valores humanos;

·         Reinventar a ordem;

·         Valorizar mais a vida do que os bens;

·         Reforçar a sensibilidade, criatividade e esperança

Dessa forma, não dar para falar de Educação do Campo sem falar dos Movimentos Sociais. Os movimentos sociais surgem de uma necessidade de lutar por direitos e atendimento para com o povo percebido como excluídos pelo Estado. Vendo que a falta de atenção do Estado em resolver o problema resultou em revolta e manifestação popular.

Por meio dessas manifestações foram conquistados alguns direitos, entre eles a escola do campo. Porém, essas escolas do campo não foram pensadas para atender a demanda do estudante do campo, ou seja, o Estado conseguia manter-se com poder manipulando o ensinamento através de um currículo padrão.

Com isso, o Movimento Social do Campo mais uma vez, percebeu a necessidade de lutar pela qualidade do ensino, com o reconhecimento das especificidades dos sujeitos do campo, buscando também além da mudança no currículo e materiais didáticos o ensinamento de profissionais oriundo do campo para atuarem nessas escolas. Como afirma Baraúna (2009), “O campo necessita de um projeto educacional diferenciado, bem como de profissionais que atuem concretamente nessa realidade, não apenas dando boas aulas e elaborando projetos que descaracterizam a realidade rural”. Contudo, esses profissionais devem está compromissados com a concepção do currículo contextualizado para o campo. Todavia é preciso pensar a escola como uma prioridade que tenha a perspectiva de transformar profundamente, na direção de um projeto educativo vinculado a práticas sociais emancipatórias, pois a educação e mais do que escola.

A criação do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), em 1998, iniciou a implementação de ações de formação por dentro do aparelho do Estado, influenciado pelos movimentos sociais do campo, em atenção às suas reivindicações de educação no espaço rural. Esse programa surgiu da demanda de um conjunto de organizações e movimentos sociais, grupos de professores e pesquisadores das universidades que naquele momento buscavam consolidar uma nova concepção de educação no espaço rural, expressa no conceito de educação do campo. Este nascimento da crítica do conceito, dos princípios e das práticas que orientaram a educação rural e agrícola foi desde os anos 1980.

Apesar das disputas de espaços políticos pelos camponeses o PRONERA se estabelece. E sua ligação com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), inicialmente apoiou cursos de alfabetização e ampliação da escolarização, também nível fundamental para os assentados da reforma agrária, devido alto índice de pessoas não letradas no campo. Contava também com parceria entre movimentos sociais e as universidades para desenvolvimento dos processos educativos.

Dessa forma concluímos que os movimentos sociais trouxeram a politica de acesso á educação no campo, ou seja, um direito coletivo que se vincula a outras lutas sociais por uma humanização mais plena de luta pela terra, pelo trabalho, pela desalienação, do trabalho, em prol da democratização do acesso acultura participação politica e em defesa ao meio ambiente. Esses fatores são fundamentais para a formação crítica do sujeito e devem constar na elaboração do currículo escolar do campo, pois faz se necessário desenvolver e promover estratégias curriculares que garantam aos educandos em formação os conhecimentos historicamente acumulados pela humanidade.

Sabemos que as lutas e conquistas dos movimentos não agradam a todos, sobretudo contrapondo o modelo de sociedade imposto pelo capitalismo, que por sua vez promove a desigualdade de direito entre as classes marginalizadas. Portanto torna-se necessário mudanças no modo de produção do conhecimento no que diz respeito as relações sociais, dessa forma consideramos o movimento Educação do Campo fundamental para o processo de construir uma nova história de promover a igualdade e justiça social.    

 

REFERÊNCIA

 

BARAÚNA, Rosimeire Silva. Formação de Professores e Educação do Campo: análise de uma proposta de formação superior e repercussão em um município baiano. EDUFBA. Salvador, 2009.

 

BENJAMIN, César. CALDART, Roseli Salete. Projeto popular e escolas do campo. Brasília, DF: Articulação Nacional Por uma Educação Básica do Campo, 2000. Coleção Por uma Educação Básica do campo, n° 3.

 

SOUSA, Romier da Paixão. AGROECOLOGIA E EDUCAÇÃO DO CAMPO: DESAFIOS DA INSTITUCIONALIZAÇÃO NO BRASIL. Educ. Soc., Campinas, v. 38, nº. 140, p.631-648, jul.-set., 2017.

 

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