EDUCAÇÃO
DO CAMPO: concepção de ensino no seio dos Movimentos Sociais
Cintia
Araújo Ferreira
Pós-graduanda em Educação do Campo pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Baiano-Campus Serrinha. E-mail: cintiaaraujoferreira81@gmail.com.
Palavras-chave: Educação no espaço
rural; Movimentos Sociais do Campo; Projeto educativo.
INTRODUÇÃO
No Brasil a luta dos povos do
Campo por melhoria e até por resistência, resultou em diversas ações positivas
e reconhecimento de novas alternativas voltada para agricultura familiar.
Nesse sentido, os agricultores
e trabalhadores do campo ao sofrer repressão com o modelo de modernização da
agricultura implantada no Brasil, buscou novas possibilidades. A mobilização
desses trabalhadores em busca por melhores condições de vida e de trabalho no
campo consolidou em fortes movimentos sociais e sindicais do campo, essas
lideranças unidas conseguiram realizar Encontros e Fórum de discussões sobre
iniciativas de políticas voltada para Projeto Alternativos para o campo.
Segundo Caldart (2000), as
ações do Movimento Sem Terra foram:
ü Organizaram-se
para lutar direitos inicialmente por reforma agrária;
ü Pressionados
pelas famílias e pelas professoras, o movimento se organizou e lutou pela
educação buscando formar seus professores para uma formação específica;
ü A
escola passou preocupação do movimento depois de refletirem e perceberem que as
escolas presentes na sociedade não abririam as portas para os sem terras, pois
a concepção de ensino não incluía quem era do campo, por que as escolas
tradicionais não possuíam estruturas que ingressassem as crianças do campo;
ü As escolas teriam que se adaptar aos alunos e não o contrário;
O movimento ensina seu povo e o princípio desse ensinamento é o próprio movimento;
OBJETIVOS DA PEDAGOGIA DA LUTA SOCIAL
·
Fortalecer os valores humanos;
·
Reinventar a ordem;
·
Valorizar mais a vida do que os bens;
·
Reforçar a sensibilidade, criatividade e
esperança
Dessa forma, não dar para
falar de Educação do Campo sem falar dos Movimentos Sociais. Os movimentos
sociais surgem de uma necessidade de lutar por direitos e atendimento para com
o povo percebido como excluídos pelo Estado. Vendo que a falta de atenção do
Estado em resolver o problema resultou em revolta e manifestação popular.
Por meio dessas manifestações
foram conquistados alguns direitos, entre eles a escola do campo. Porém, essas
escolas do campo não foram pensadas para atender a demanda do estudante do
campo, ou seja, o Estado conseguia manter-se com poder manipulando o
ensinamento através de um currículo padrão.
Com isso, o Movimento Social
do Campo mais uma vez, percebeu a necessidade de lutar pela qualidade do
ensino, com o reconhecimento das especificidades dos sujeitos do campo,
buscando também além da mudança no currículo e materiais didáticos o
ensinamento de profissionais oriundo do campo para atuarem nessas escolas. Como
afirma Baraúna (2009), “O campo necessita de um projeto educacional
diferenciado, bem como de profissionais que atuem concretamente nessa
realidade, não apenas dando boas aulas e elaborando projetos que
descaracterizam a realidade rural”. Contudo, esses profissionais devem está
compromissados com a concepção do currículo contextualizado para o campo.
Todavia é preciso pensar a escola como uma prioridade que tenha a perspectiva
de transformar profundamente, na direção de um projeto educativo vinculado a
práticas sociais emancipatórias, pois a educação e mais do que escola.
A criação do Programa Nacional
de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), em 1998, iniciou a implementação de
ações de formação por dentro do aparelho do Estado, influenciado pelos
movimentos sociais do campo, em atenção às suas reivindicações de educação no
espaço rural. Esse programa surgiu da demanda de um conjunto de organizações e
movimentos sociais, grupos de professores e pesquisadores das universidades que
naquele momento buscavam consolidar uma nova concepção de educação no espaço rural,
expressa no conceito de educação do campo. Este nascimento da crítica do
conceito, dos princípios e das práticas que orientaram a educação rural e
agrícola foi desde os anos 1980.
Apesar das disputas de espaços
políticos pelos camponeses o PRONERA se estabelece. E sua ligação com o
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), inicialmente
apoiou cursos de alfabetização e ampliação da escolarização, também nível
fundamental para os assentados da reforma agrária, devido alto índice de pessoas
não letradas no campo. Contava também com parceria entre movimentos sociais e
as universidades para desenvolvimento dos processos educativos.
Dessa forma concluímos que os
movimentos sociais trouxeram a politica de acesso á educação no campo, ou seja,
um direito coletivo que se vincula a outras lutas sociais por uma humanização
mais plena de luta pela terra, pelo trabalho, pela desalienação, do trabalho,
em prol da democratização do acesso acultura participação politica e em defesa
ao meio ambiente. Esses fatores são fundamentais para a formação crítica do
sujeito e devem constar na elaboração do currículo escolar do campo, pois faz
se necessário desenvolver e promover estratégias curriculares que garantam aos
educandos em formação os conhecimentos historicamente acumulados pela
humanidade.
Sabemos que as lutas e
conquistas dos movimentos não agradam a todos, sobretudo contrapondo o modelo
de sociedade imposto pelo capitalismo, que por sua vez promove a desigualdade
de direito entre as classes marginalizadas. Portanto torna-se necessário
mudanças no modo de produção do conhecimento no que diz respeito as relações
sociais, dessa forma consideramos o movimento Educação do Campo fundamental
para o processo de construir uma nova história de promover a igualdade e
justiça social.
REFERÊNCIA
BARAÚNA, Rosimeire Silva. Formação de Professores e Educação do Campo: análise de uma
proposta de formação superior e repercussão em um município baiano. EDUFBA. Salvador,
2009.
BENJAMIN, César. CALDART, Roseli Salete. Projeto popular e escolas do campo.
Brasília, DF: Articulação Nacional Por uma Educação Básica do Campo, 2000.
Coleção Por uma Educação Básica do campo, n° 3.
SOUSA, Romier da
Paixão. AGROECOLOGIA E EDUCAÇÃO DO CAMPO:
DESAFIOS DA INSTITUCIONALIZAÇÃO NO BRASIL. Educ. Soc., Campinas, v. 38, nº.
140, p.631-648, jul.-set., 2017.
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